Servidores da Câmara de São Gonçalo do Rio Abaixo fazem perguntas específicas a respeito da doença Covid-19 ao especialista

Série Especial de Saúde – Parte 2



Tipos de testagens para a Covid-19 e eficácia delas, recuperação da doença, cuidados em casa e produção da vacina para combate à doença são algumas das perguntas feitas pelos servidores nesta segunda parte da entrevista com o Dr. Marcello Fontana Monteiro, especialista em Infectologia e Infectologia Hospitalar pela Sociedade Brasileira de Infectologia/AMB e coordenador do Serviço de Infectologia do Hospital Nossa Senhora das Dores-Itabira.

Confira e fique bem informado por meio desta Série Especial de Saúde da Câmara de São Gonçalo do Rio Abaixo feita exclusivamente pra informar com credibilidade a população. Segue a segunda parte da entrevista.
 

  1. Quem já testou positivo pode contrair o vírus novamente?


Ainda não há comprovação científica de novas infecções pelo coronavírus, em indivíduos previamente infectados. Aguardamos pesquisas científicas para comprovação do fato.
 

  1. Uma pessoa teve a Covid-19 e se recupera da doença. A partir de quanto tempo ela pode ter contato com outras pessoas tendo a certeza de que não estará transmitindo o vírus?


Conforme literatura atual, indivíduos com formas leves ou moderadas do vírus podem voltar ao convívio social e trabalho, com boa segurança, após 14 dias de início de sintomas ou pelo menos após 72 horas sem febre e sem sintomas de gripe (indivíduos com baixa imunidade ou em grave estado geral podem transmitir o vírus além dos 14 dias. Estes últimos casos geralmente estão hospitalizados e terão atenção específica da equipe de saúde).
 

  1. Quanto tempo ainda leva para descobrirem uma vacina para Covid-19? E ainda, quanto tempo para que toda possa se dar a vacinação em massa?


As pesquisas para vacina para Covid-19 estão avançando no mundo e há vários laboratórios e centros de pesquisa empenhados. Especula-se que possa levar de um ano a um ano e meio para termos vacinação em massa. Este prazo pode ser menor, a depender do avançar de estudos e investimentos públicos/privados em pesquisa da vacina.
 

  1. Mesmo usando máscara, fazendo a higienização das mãos, ainda assim, as pessoas são contaminadas. Como explicar?


O vírus tem enorme potencial de infectividade entre seres humanos e é impossível termos controle ou bloqueio total de contato de nosso corpo com o mesmo.

Lembrando que hábitos como tossir sem usar lenço ou proteção com cotovelos (toalete da tosse), coçar olhos, levar as mãos no rosto e boca são quase que automáticos ou instintivos no ser humano e são também fontes potenciais de infecção.

Muitas vezes não percebemos, mas já levamos mão ao rosto, olhos e boca e, daí, pode ocorrer infecção.
 

  1. No momento em que estamos da Pandemia que medidas apresentam os melhores resultados na prevenção?


Inegavelmente os países com melhores resultados na prevenção de transmissão do vírus foram aqueles com governos centrais e locais empenhados em medidas públicas de rigoroso isolamento social, testagem em massa de indivíduos sintomáticos e isolamento rigoroso de todos os doentes e contatos. 
 

  1. Quando a pessoa está recuperada ela ainda assim tem que ter cuidados em casa? Quais seriam?


Sim. As regras de higiene das mãos, toalete da tosse, isolamento social por até 14 dias dos doentes e contatos domiciliares são universais. Vale também lembrar para evitar coçar olhos, rosto e levar mãos à boca. A higiene das mãos também é fundamental.
 

  1. Quais os testes que existem e qual seria o mais confiável?

Temos até o presente momento referência do Ministério da Saúde brasileiro para 64 testes diagnósticos registrados na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), disponíveis comercialmente para uso.

O teste mais confiável, conhecido no jargão médico como “padrão-ouro” é o PCR-RT, que deve preferencialmente ser colhido do 3º ao 7º dia de início dos sintomas.
 

  1. Em Minas Gerais o controle do novo Coronavírus está sendo melhor do que nos outros Estados?


Sim, conforme estatísticas atuais Minas Gerais está conseguindo evitar uma explosão de casos. Vejam exemplos tristes de São Paulo, Rio de Janeiro e Manaus. Não há dúvida que até o momento nossos indicadores demonstram uma boa condução e evolução. A população, ao respeitar o isolamento social indicado, também é parte importante destes bons indicadores.
 

  1. Qual a sua orientação com relação ao uso da cloroquina e da hidroxicloroquina?


Não há, até o momento, nenhum estudo científico com robusto nível de evidência que comprove real eficácia da cloroquina e hidroxicloroquina.

Sua indicação pode e está sendo feita de forma experimental e como medida salvadora para pacientes Covid-19. O uso atual destas medicações ocorre principalmente para formas graves e críticas de Covid-19, em pacientes internados.

O uso ambulatorial não está proibido pelo Conselho Federal de Medicina para formas brandas, de tratamento ambulatorial, para casos sabidamente confirmados de coronavírus.

Mas ressalto que toda indicação destas medicações ainda é experimental e carece de melhores estudos científicos. Além de poder trazer riscos ao paciente (efeitos colaterais graves são potenciais). Toda indicação depende da avaliação médica e termo de consentimento livre e esclarecido assinado pelo paciente ou responsável legal.
 

  1. Montadoras de carro já estão estudando novas tecnologias para facilitar a higienização dos carros. Dá a impressão de que os cuidados com relação ao novo coronavírus vão perdurar. Por quanto tempo, após a queda da curva de contágio, a sociedade ainda terá que se preocupar em manter hábitos de combate ao vírus?


Pesquisadores trazem informação de que, na ausência de uma vacina realmente eficaz, a pandemia poderia durar de 2 a 4 anos até infectar maior parte da população. Isto chamamos de “imunidade de rebanho”, que seria a progressiva aquisição de imunidade natural ao vírus, a partir da exposição de toda uma população ao mesmo. Isto obviamente será abreviado por vacinação vindoura, em massa, para coronavírus.

Acrescento e penso que a pandemia em curso mudará para sempre nossos hábitos pessoais e de convívio; principalmente para maior atenção quanto às medidas de higiene pessoal e cuidados para evitar disseminação de vírus e outros microorganismos.

Nosso modo de vida e de relacionar também mudará. A pandemia, certamente ficará para história e marcará toda uma geração.  

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