Juliana Barbosa: “Lute e se ame como uma mulher negra”
Juliana Barbosa: “Lute e se ame como uma mulher negra”
Juliana Barbosa Nascimento, 37 anos, negra e ligada com muito orgulho à Pastoral Afro em João Monlevade. Trabalhou como voluntária em projetos sociais ligados à igreja católica por meio da Cáritas Diocesana no município. Também atuou no Conselho Tutelar da cidade por algum tempo.
Luta das mulheres - Para ela, a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) tornou nítido o racismo, a violência e as desigualdades que impactam a vida das mulheres negras. E, além de terem menos espaço no mercado de trabalho, as mulheres enfrentam ainda outro problema: a dupla jornada. Segundo Juliana, as mulheres estão na linha de frente dos ofícios mais penosos, seja na enfermaria, nas escolas ou como domésticas e ainda recebem os menores salários.
Juliana explica que o mês de março é lembrado pelo Dia Internacional das Mulheres (comemorado no dia 8), que celebra as lutas das mulheres pelos direitos econômicos e sociais ao redor do mundo. “Contudo, como se fala nas conquistas femininas, pouco se coloca em evidência a situação das mulheres negras no geral”, comenta.
Racismo – Segundo Juliana, é preciso trabalhar desde cedo para combater o racismo. “Mulheres negras são objetificadas, tendo sua essência positiva expressa na figura do Carnaval de forma hipersensualizadas. Crescemos com nossa subjetividade forjada do que é o belo”, explica. Ela fala sobre os padrões impostos pela mídia, de que o belo é ter cabelos lisos, nariz afinado, pele branca, olhos claros. “E, enquanto isso, somos a ‘nega’ do cabelo duro que não gosta de pentear”, diz.
A mensagem que Juliana Barbosa deixa para todas as mulheres é que sejam a mudança que desejam ver no mundo. “As mulheres estão lutando por uma vida com mais dignidade, justiça e bem viver. Precisamos mais do que nunca combater o racismo e o sexismo e assim, construir uma sociedade mais igualitária”, defende.
Fotos: Regiane Ferreira Acom/PMJM