Vale mantém incerteza sobre retomada da Mina de Água Limpa em Rio Piracicaba

 

Uma comitiva da Vale esteve na Câmara Municipal de Rio Piracicaba na manhã desta quinta-feira (20) para esclarecer aos vereadores os motivos que impedem a retomada das operações na Mina de Água Limpa. Apesar da expectativa da população e da administração municipal, a mineradora confirmou que as atividades não serão retomadas este ano e não há previsão para o retorno.

A Vale justifica a paralisação com base em dois fatores principais: o cenário desfavorável do mercado, com a cotação do minério em queda, e um impedimento imposto pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O entrave do MTE está relacionado a uma das usinas da empresa, localizada em uma área considerada de risco, embora a mineradora alegue ter solucionado as pendências.

A incerteza preocupa os parlamentares, que alertam para o impacto econômico da paralisação na arrecadação municipal. De acordo com informações repassadas pelo líder do governo na Câmara, vereador Antônio Guedes (PDT), o prefeito Augusto Henrique da Silva (Cidadania) estima que o prejuízo para os cofres do município pode chegar a R$ 330 milhões no período de 2021 a 2025.

Comitiva da Vale aponta cenário incerto

A reunião contou com a participação de Luiz Augusto Moysés de Magalhães (Analista RI), Victor Lucas Bretas (Gerente Técnico Geotecnia), Eduardo Cysneiros (Coordenador RC), Paulo F.T. Damasceno (Diretor de Operações) e Henrique Silva Moreira (Operação e Manutenção). Os representantes da mineradora reforçaram que a retomada da Mina de Água Limpa depende de fatores externos e que a empresa não tem controle sobre a oscilação dos preços do minério nem sobre as restrições impostas pelo MTE.

Reservas confirmadas

Apesar das incertezas, a Vale garantiu que mantém interesse na exploração mineral em Rio Piracicaba. Segundo o Diretor de Operações, Paulo Damasceno, a mineradora possui duas frentes de extração: a cava de Água Limpa, que se aproxima do fim da sua vida útil, e a de Morro Agudo, onde há reservas significativas. "Nosso compromisso com a região continua, e temos potencial para futuras explorações", afirmou Damasceno.

Vereadores cobram contrapartidas para o município

A reunião foi acompanhada pelo presidente da Câmara, vereador Aleksandro José da Silva, e pelos parlamentares Jadir Barcelos (vice-presidente), Antônio Guedes, Anderson Tavares, Geraldo Afonso, Luna Motta, Marlene Assis e Rômulo Linhares. A vereadora Deborah Rocha não compareceu, justificando sua ausência por motivos familiares.

Diante da queda de arrecadação municipal e do impacto econômico da paralisação, os vereadores cobraram da Vale investimentos e ações que beneficiem a cidade. O presidente da Câmara, Aleksandro José da Silva, propôs um novo encontro para discutir projetos de diversificação econômica e demandas para os bairros. Anderson Tavares solicitou a troca da antena de telefonia móvel do Distrito de Padre Pinto, bem como autorização de acesso da operadora à torre de transmissão, além de prioridade na contratação de trabalhadores locais. Antônio Guedes reforçou a necessidade do desassoreamento do rio Piracicaba, enquanto Luna Motta cobrou investimentos para a Ascarip. Já Jadir Barcelos defendeu ações voltadas à causa autista.

O desdobramento das negociações entre a mineradora e o município segue incerto, deixando a cidade de Rio Piracicaba em compasso de espera diante dos impactos econômicos da paralisação da Mina de Água Limpa. No próximo mês, os vereadores serão recepcionados pela Vale em uma visita in loco na Mina de Água Limpa, conforme sugeriu o analista Luiz Magalhães.

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